Início / História / Cascais Moderno
Início / História / Cascais Moderno

O TERRAMOTO DE 1755


No dia 1 de novembro de 1755 um violento terramoto, de intensidade IX ou X na escala de Mercalli (1911), devastou o concelho de Cascais. De acordo com Frei António do Espírito Santo, que descreveu no ano seguinte os efeitos do cataclismo na vila, o tremor de terra iniciou-se pelas nove horas e quinze minutos, fazendo-se sentir por nove minutos e transformando «a grande povoação [em] um insensível e frio cadáver do que havia sido e uma desfeita cena do que já não era».

Em 1758, o Cura da Ressurreição de Cristo, António Inácio da Costa Godinho, não hesitaria registar que «de todas as terras foi esta a que experimentou maior ruína», pois todos os edifícios do concelho sofreram com o abalo, como as Igrejas da Ressurreição, da Assunção e da Misericórdia e o Convento de Nossa Senhora da Piedade, em Cascais, o Convento de Santo António, no Estoril, ou as Igrejas de S. Domingos de Rana, de S. Vicente de Alcabideche e de Nossa Senhora dos Remédios, em Carcavelos. Na verdade, nem mesmo os locais de culto escaparam à hecatombe, que muitos acreditaram ser castigo divino...

Ao terramoto seguiu-se o maremoto, avançando o oceano terra adentro por várias vezes, para desgraça dos sobreviventes. Para além de centenas de feridos, registaram-se, então, oficialmente, duzentas e duas mortes no concelho, sobretudo nas paróquias da vila, número significativo se pensarmos que em 1736 apenas existiam 5 109 habitantes.

Três anos depois do fatídico dia, as marcas da hecatombe persistiam, pois «a vila toda ficou arruinada até ao chão. Não há casa que ou não caísse em terra ou não ficasse abalada e ameaçando ruína. Os templos, a ponte, a Cidadela e seus quartéis, tudo está demolido e feito em pó. A maior parte da vila habita ainda em barracas [...], a ponte está com um só arco em pé e se não passa por ela e tudo em a última ruína, sem que se reparasse ainda nada». Eis o retrato da destruição de Cascais, na perspetiva de Manuel Marçal da Silveira, Reitor de Nossa Senhora da Assunção, paróquia sedeada na atual Igreja Matriz.

Ainda que a posteriori, ficou também a dever-se ao terramoto o desaparecimento da segunda paróquia de Cascais: a da Ressurreição de Cristo, fundada na sequência do desenvolvimento da margem esquerda da Ribeira das Vinhas. Apesar dos sacramentos de matrimónio e baptismo continuarem a ser ministrados na arruinada Igreja da Ressurreição até 1782, passariam, depois, a realizar-se na Igreja da Misericórdia, onde se mantiveram até 17 de maio de 1840, data em que se registou o termo de encerramento da paróquia e a sua agregação à de Nossa Senhora da Assunção, que desde então se passou a designar por Paróquia de Nossa Senhora da Assunção e Ressurreição de Cristo.

Ver Mais

+ Sobre cascais