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O Vinho de Carcavelos foi, e ainda é, um produto vinícola de excelência. A antiguidade deste precioso néctar encontra-se comprovada num Alvará de 1772, depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, que protegia a viticultura de Carcavelos e mandava elevar os preços do vinho devido à sua qualidade, ainda que existam registos da exportação de Carcavelos proveniente da Quinta dos Padres Jesuitas de Carcavelos, para Inglaterra, no século XVII. De acordo com documentação da época, o Carcavelos terá mesmo atingido uma produção de três mil pipas no início do século XIX, em resultado do significativo volume de exportação para este país.

Na segunda metade do século XVIII, algumas quintas da região foram alvo de reestruturações importantes, com a agregação de várias terras de pomares, de vinha e até de pão, que as transformaram em propriedades de grande dimensão a nível local: Quinta do Marquês (Oeiras), Quinta Nova, Quinta do Lameiro, Quinta do Barão em Carcavelos, mas também algumas no vale de Caparide como a Quinta de Santa Rita (Pesos), Quinta da Ribeira, Quinta da Samarra e Quinta dos Chaínhos. Todas estas explorações tiveram o vinho como produto central na sua economia.

Este vinho era aguardentado ou arrobado para prevenir a sua adulteração em viagem e ao longo do tempo. Frequentemente transportado em carroças até Paço de Arcos, seguia posteriormente em barcas ou fragatas até aos armazenistas da capital, onde era distribuído ou reservado para exportação nos armazéns de Santa Apolónia, do Ginjal, da Margueira, do Depósito, do Azeite, entre outros.

A ocorrência de duas terríveis pragas, de oídio em 1866, e de filoxera em 1876, viriam a prejudicar consideravelmente a produção obstando à afirmação deste vinho face a produtos similares como o Porto e o Madeira. A recuperação da produção do vinho de Carcavelos foi lenta e a grande procura do Vinho de Carcavelos levou à sua falsificação, no século XIX, por produtores de outras regiões, e a um correspondente desprestígio da “marca”. De forma a garantir a qualidade da produção, a 18 de setembro de 1908 foi emitida uma Carta de Lei que lhe conferia a desingação de vinho generoso e determinava a demarcação da região de Carcavelos às freguesias de São Domingos de Rana, Carcavelos e a parte da freguesia de Oeiras.

Uma tentativa de ressurgimento na década de 30 do século XX ficou, no entanto, condenada pela revolução urbana que se adivinhava à volta de Lisboa e, naturalmente, na “Linha do Estoril”.

Em 1994 a região demarcada foi alargada à área entre as ribeiras de Bicesse e de Porto Salvo. De acordo com a regulamentação em vigor, para ser considerado Vinho de Carcavelos legítimo, o produto precisa de ser originário de vinhas da região demarcada, com dois anos de estágio em madeira e seis meses em garrafa, e, entre outras características, deverá ter um título alcoométrico total superior a 17,5%. A Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa é a entidade que certifica o produto final com a imposição de um selo de garantia na garrafa, sem o qual não poderá denominar-se Vinho de Carcavelos.

Em 2008, foi fundada a Confraria do Vinho de Carcavelos, iniciativa com a qual se pretende garantir a sua preservação, produção e divulgação nos mercados nacional e internacional. A criação desta confraria partiu de uma iniciativa do Município de Oeiras, à qual Cascais se associou, numa união de esforços em torno de um objetivo comum: a recuperação de um produto vinícola nobre e raro, salvando-o da quase extinção a que durante anos ficou votado. Numa parceria entre a autarquia oeirense e a Estação Agronómica Nacional existem já no mercado novas garrafas de Carcavelos produzido em território demarcado de Oeiras. Em Cascais, é sobretudo em Caparide que ainda é possível encontrar quintas com produção de Vinho de Carcavelos.

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