Início / História / Cascais, 1910-1950
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DA RIVIERA PORTUGUESA À COSTA DO SOL


Para além da iniciativa particular, a afirmação de Cascais enquanto destino turístico beneficiaria, a partir de 1922, da Comissão de Iniciativa para Fomento da Indústria de Turismo de Cascais, depois apelidada de Comissão de Iniciativa e Turismo do Concelho de Cascais, que, em estreita colaboração com a Câmara Municipal, assegurou, para além da propaganda turística, a concretização de diversos projetos de embelezamento das zonas mais visitadas do litoral. Em 1937 passaria a designar-se Junta de Turismo de Cascais e, em 1957, Junta de Turismo da Costa do Sol, a que se seguiu, em 1979, a denominação Junta de Turismo da Costa do Estoril, que utilizou até à sua extinção, no ano de 2008.

A região impunha-se definitivamente enquanto zona privilegiada de lazer, que a Estoril-Plage soube comercializar, substituindo a antiga Riviera Portuguesa pela Costa do Sol. Em 1930, a inauguração do Palace Hotel, o atual Hotel Palácio, erigido sob a direção do arquiteto Raul Jourde, dotou o concelho de uma infraestrutura de nível internacional. Entretanto, ao edifício das Termas, que se tornaria famoso pela sua piscina, já fora acoplado o Hotel do Parque, aberto ao público no ano anterior. Em 1930, o apeadeiro do Estoril seria mesmo transformado no terminus do Sud-Express, de forma a assegurar a ligação a Paris, a que se seguiu a abertura do novo Casino, em 1931, com plano distinto do inicial, bem ao gosto dos primeiros projetos modernistas que encontrariam na região o cenário ideal para a afirmação dos novos ideais da arquitetura.

O concelho continuou, pois, a captar visitantes, num período em que a noção de percurso turístico se robusteceu, nomeadamente por intermédio do estabelecimento de carreiras de autocarros entre o Estoril, Cascais e Sintra. Mercê destas transformações, o Monte Estoril iniciaria um lento processo de subalternização face ao Estoril, à semelhança de S. João do Estoril, que se ressentiu também do encerramento dos Banhos da Poça, em 1922.

Quatro anos depois, Cai-Água passou a designar-se S. Pedro do Estoril, mudança que parece atestar a dinâmica da localidade em que se instalaria, a partir de 1927, a benemérita Colónia Balnear Infantil de O Século. O desenvolvimento da vizinha Parede foi igualmente notável, assumindo-se enquanto área privilegiada para a cura e profilaxia de vários males físicos, em função da praia e do sol. O número de visitantes aumentou de forma exponencial, transformando-se o tabuleiro – maca montada sobre carrinho de quatro rodas – num dos ícones da região, como o denota, aliás, a construção de rampas, a adaptação de várias habitações e, em 1930, a inauguração de um Solário.

Ainda que em termos turísticos Cascais cedesse o seu protagonismo ao Estoril, a sede do concelho não deixou de ser alvo de importantes melhoramentos, caso do encanamento da Ribeira das Vinhas, inicialmente projetado por Silva Júnior, que em 1929 ainda não se encontrava completamente terminado. Mercê da filantropia do Conde de Castro Guimarães, que em 1927 legara ao concelho a Torre de S. Sebastião, com recheio e parque anexo, na condição de serem transformados em museu, biblioteca e jardim públicos, assim como parte da herança para despesas de manutenção e enriquecimento de coleções, a vila passou a dispor de um novo atrativo: o Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães, oficialmente inaugurado no ano de 1931. Este equipamento cultural de referência seria dotado de novas salas de leitura e de arqueologia em 1942, sob a direção de Branquinho da Fonseca, conservador-bibliotecário a quem também se deveu, em 1953, a criação da primeira biblioteca itinerante em Portugal, que promoveu o livro e a leitura por todo o concelho.

Da Riviera à Costa do Sol
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