
Na primeira edição do Festival Bairro dos Museus, a arte contemporânea tem lugar de destaque, com dois acontecimentos inéditos: uma apresentação especial de Traços Urbanos: Coleção de Arte Contemporânea da CMC, na Marina, e Spirit Shop – Delusional REI‑MAR a reescrever a Casa de Santa Maria, com curadoria de Pedro Barateiro e participação de Ana Jotta.
De 26 a 28 de setembro, Cascais torna-se num circuito aberto ao público, que transforma diversos espaços patrimoniais, museus, casas históricas e a Marina de Cascais numa galeria de arte, tendo alguns equipamentos horários alargados até às 21h00.
Um dos principais destaques da 1.ª edição do festival é a exposição Traços Urbanos: Coleção de Arte Contemporânea da Câmara Municipal de Cascais (CMC), num espaço da Marina de Cascais, com abertura oficial às 19h de sexta-feira. A mostra, com nomes de referência internacional, testemunha a diversidade estética e conceptual do universo artístico contemporâneo: da apropriação de objetos e desperdícios urbanos transformados em esculturas-instalações (Bordalo II), à experimentação com cartazes publicitários e portas de madeira trabalhadas com incisões e cortes (Vhils), da pintura muralista e figurativa (Pedro Matos, Ram) à intervenção gráfica e política (Shepard Fairey, ±MaisMenos±), da revisitação do azulejo tradicional em linguagem contemporânea (Add Fuel) às geometrias visuais de AkaCorleone ou às narrativas visuais de Mário Belém, passando por vários outros artistas de reconhecido mérito. Trata-se de um dos pontos altos do festival, que prolonga e sublinha o diálogo entre arte urbana e espaço público, um dos compromissos da CMC desde a criação da Coleção, em 2017.
A programação especial estende-se à Casa de Santa Maria, onde a exposição Spirit Shop – Delusional REI-MAR, com abertura às 19h de sexta-feira, põe obras de artistas contemporâneos em diálogo com o espaço patrimonial da casa-museu. A mostra, com curadoria de Pedro Barateiro, transforma a Casa num laboratório onde Ana Jotta, ao lado de Guilherme Figueiredo, Inês Brites, Maria Ventura e Sreya, ativam um olhar iconoclasta e livre, que atravessa objetos, textos, desenhos e gestos performativos distintos. Inspirado no histórico bar lisboeta "Reimar", o projeto expositivo institui um jogo entre arquitetura, intimidade e contemporaneidade, propondo um palco comum onde o público participa na própria construção da exposição.
Quanto ao Centro Cultural de Cascais (CCC), um dos polos centrais do Bairro dos Museus, são várias as ofertas disponíveis de 26 a 28 de setembro. A juntar a cinema, a duas sessões de poesia com jazz e ao concerto de encerramento do festival, há três exposições individuais que cartografam desenho, colagem, pintura e os seus limiares, durante o fim-de-semana:
● Suburbia 0.2, de Marta Amaral (patente até 12 de outubro de 2025) uma reflexão sobre a periferia através do desenho e da colagem;
● Silêncio e Forma, de Inês Galvão (patente até 19 de outubro de 2025), que conjuga abstração e figuração em 27 obras de acrílico sobre papel, tela e colagem, que convidam à reflexão;
● e Imagens Inacabadas, de Joana Leitão Salvador (patente até 11 de janeiro de 2026), que reúne um vasto espólio que cruza pintura e escultura para mapear o universo poético da autora, entre guache, encáustica, monotipias e cerâmica.
Para além destas, o público poderá ainda visitar a exposição permanente da Coleção de Artes Plásticas da Fundação Dom Luís I, localizada no piso 0 do CCC, que apresenta núcleos de pintura, desenho e escultura, espelhando a diversidade programática da Fundação, com autores portugueses e internacionais, como Graça Morais, João Pedro Vale ou Rafael Canogar.
A Casa das Histórias Paula Rego (CHPR) associa-se ao festival com a exposição A Coleção CHPR em Diálogo, que reúne a coleção permanente da artista, propriedade da CMC, e obras selecionadas de convidados. Com esta exposição, o museu convoca o público a refletir sobre temas como o mito, o poder, o feminismo e a memória. Paralelamente, a artista Ana Torrie apresenta a exposição O Inferno São os Outros, uma exploração contemporânea da gravura e da pintura. Ambas as exposições estão patentes até 26 de outubro de 2025.
O Museu do Mar Rei D. Carlos acolhe, por sua vez, Cristina Rodo, com Sob a Superfície (patente até 12 de novembro de 2025), uma exposição de peças escultóricas e suspensões criadas por feltragem molhada, propondo uma imersão sensorial inspirada no oceano. A mostra traz a Cascais uma técnica ancestral ainda pouco divulgada em Portugal, com horários de visita prolongados até às 21h00, durante o festival.
No décimo aniversário do Bairro dos Museus, esta celebração oferece um retrato de Cascais onde tradição e inovação se cruzam e onde a cultura se assume como linguagem comum entre espaços, artistas e comunidade. Da Marina de Cascais à Casa de Santa Maria, passando pelo Centro Cultural de Cascais, pela Casa das Histórias Paula Rego e pelo Museu do Mar Rei D. Carlos, a programação cruza coleções de autores renomados, obras site‑specific e práticas emergentes, criando um roteiro que parte do legado dos museus e se abre ao encontro do que está a ser criado agora, com um convite simples: ver, ouvir e ficar.
Toda a informação em www.festivalbairrodosmuseus.com.