Recordar o passado para aplaudir o presente
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais é a génese dos bombeiros de Cascais. Tudo começa a 2 de fevereiro de 1886 quando foi fundada a Associação Filarmónica de Cascais, que tinha como objetivo a promoção de festas e bailes de Cascais. Mas outros valores falaram mais alto - a missão de proteger e salvar o próximo estava "no sangue" dos "homens bons da altura". E assim sob o lema - "Prestar Socorros nos Incêndios ou qualquer outro sinistro em terra bem como nos sinistros marítimos; instruir e recrear", no ano de 1892, estes "bons homens" já asseguravam a gestão do corpo de bombeiros, a primeira do Concelho. Em 1911, nasceu, as primeiras Estações Contra Incêndios de Alcabideche, Carcavelos e Parede.
Hoje, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais, não esquece as suas origens – Não só pelo seu corpo de bombeiros, pelo apoio que presta aos seus associados, mas e também pelo que fez e faz pela cultura de Cascais, no "velhinho" teatro Gil Vicente onde, com sucesso, entram em cena atores "amadores" com Revistas à Portuguesa sempre com casa cheia, bem como a sua participação nas Marchas Populares de Cascais.
Mas voltamos um pouco à história – factos curiosos
A primeira atuação da fanfarra da associação filarmónica decorreria a 26 de abril de 1886, com grande sucesso. E foi devido a ele que a Câmara Municipal decidiu atribuir um subsídio mensal de 6$ mil reis com a condição de atuar gratuitamente nas festas do concelho, bem como com a condição da associação proporcionar o ensino de música e canto coral aos alunos da escola oficial da Vila.
A 12 de abril de 1892, é inaugurada, pela fanfarra, as novas instalações, cedidas pelo Rei D. Carlos, na Praça 5 de Outubro. Um quartel que é até hoje recordado. Nesse mesmo ano, em outubro, a corporação de bombeiros da altura socorre a tripulação do barco de pesca Remus, que havia naufragado junto ao Cabo Raso. Deste salvamento, a corporação foi louvada pela Câmara Municipal e pelo Associação de Socorros a Náufragos.
A 11 de Maio de 1927 a Associação passou a designar-se como é conhecida hoje – Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais.
Tantas datas históricas estão cravadas na história dos bombeiros de Cascais, mas a que mais afetou a população foram as cheias de novembro 1983. Uma madrugada de sexta-feira que tantos estragos fez na baixa de Cascais, vitimando duas pessoas. Apesar das suas instalações ficarem submersas, os soldados da paz salvaram muitas vidas durante esta catástrofe que se abateu sobre a vila – relatos da altura revelam - "os nossos Bombeiros não deixaram de acudir aos pedidos de ajuda que havia na baixa de Cascais". (...) na madrugada de 19 de Novembro de 1983 a sirene dos Bombeiros uivou bastante tempo até ao corte de energia elétrica que se fez sentir, deixando Cascais completamente às escuras".
O novo quartel dos Bombeiros, onde ainda hoje estão instalados, foi inaugurado em 1995, numas instalações que viriam a conferir a dignidade e as condições para a prática do bem, ao serviço dos outros.
Ainda hoje, a AHBVC é reconhecida pela sua atividade não só no socorro e prevenção, bem como na cultura e desporto que vão desde o teatro, à natação, ballet, artes marciais entre tantas outras atividades.
É meio-dia – sirene desde 1889
Instalada ao lado do Edifício da Câmara Municipal de Cascais, foi no início do ano de 1889, que a autarquia mandou comprar um sino que passaria a ser utilizado aquando do aviso dos sinistros. Este sinal, que ainda hoje se ouve às 12h em ponto em Cascais, daria os alertas aos voluntários para que se juntassem no socorro ou salvamento. Por isso, são 131 anos de assinalar o meio-dia .... E outros tantos que salvaram tantas pessoas e bens.
Nomes que ficam na história
Joaquim Teotónio Segurado, António Augusto Gomes Vilar, Cacildo Pereira Cardoso, Joaquim Gonçalves Dias, José Maria Cordeiro Castanheira, Manuel Pedro Rodrigues, Nuno Joaquim Flor e Valdemiro Jorge de Lima Raposo foram os primeiros a propor, em 1888, uma corporação agregada à filarmónica com homens treinados para o efeito.