Início / 1 | O nascimento do espaço rural (Casal Saloio de Outeiro de Polima)
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1 | O nascimento do espaço rural (Casal Saloio de Outeiro de Polima)

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O espaço rural só poderá ser compreendido pelo contraste com a imagem do espaço urbano.

Em Cascais remonta ao final do Neolítico, na sequência do nascimento da agricultura, da sedentarização e dos primeiros aglomerados humanos permanentes que ao longo dos séculos tenderiam a alargar as suas áreas de influência, operando uma lenta, mas progressiva transformação da paisagem.

A partir do século I a. C., com a instituição do municipium Felicitas Iulia Olisipo pelo imperador romano Otaviano, que atribuiu um território à civitas de Olisipo (cidade de Lisboa), a região de Cascais seria ocupada por villae rusticae, grandes unidades autossuficientes de produção agropecuária, de que é exemplo a villa romana de Freiria.

Este tipo de propriedade tipifica a estrutura tripartida preconizada pelos autores clássicos: a pars urbana, a pars rustica e a pars fructuaria, respetivamente dedicadas à habitação do proprietário, às instalações dos trabalhadores e às áreas de armazenamento, produção e transformação.

 

As primeiras aldeias

A instabilidade que se fez sentir por todo o império romano a partir do século V conduziu ao abandono de muitas villae por parte dos senhores, pelo que os seus antigos servos foram forçados a reorganizar-se em pequenas comunidades rurais, quer os poderes fossem romanos ou visigóticos, o que se prolongou até ao século VIII.

As aldeias que se formaram desde então agrupavam diversas famílias, com as suas casas, hortas, quintais, vinhas e campos, que se dedicavam sobretudo à produção de cereais, de vinho e gado. Porém, com a consolidação da monarquia, durante a Idade Média, grande parte do território ficou na dependência da Coroa e das classes privilegiadas, assistindo-se, depois, à criação de grandes quintas, rodeadas por lugares habitados pelos seus trabalhadores, como sucedeu em Carcavelos ou em Caparide.

 

Agropastorícia

A agropastorícia, surgida na sequência da domesticação de animais, associou-se desde sempre ao cultivo da terra. É, pois, secular a criação de gado no concelho, que serviria como meio de transporte e no apoio às árduas tarefas agrícolas.

Para além da carne, os animais forneciam também leite, peles, lã e até estrume, utilizado como fertilizante.

No início do século XX, entre os bovinos, os animais mais utilizados nas tarefas agrícolas, destacavam-se os bois de raça mirandesa e as vacas holandesas. Já a raça de Oeiras sobressaía no seio dos ovinos, coabitando com muitas variedades de caprinos.

No que concerne aos suínos, destacavam-se os cruzamentos de raça bísara. Ao contrário do gado asinino, os cavalos rareavam, sendo predominantemente do tipo do garrano de Sintra. Note-se ainda que, como recordaria Martinho de França Pereira Coutinho, o gado muar era sobretudo utilizado pelos almocreves e moleiros pois, «perfeitamente moldado ao acidentado piso da região, retraçando a pior pastagem e contentando-se sobriamente com mais a diminuta ração, tornava-se, por excelência, o auxílio aos menos abastados».

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