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Um dos mais importantes fotógrafos contemporâneos, Nicholas Nixon, expõe em Portugal pela primeira vez

11 Nov 2024
A partir de 16 de novembro no Centro Cultural de Cascais

Conhecido pelos seus comoventes retratos a preto e branco, Nicholas Nixon (Detroit, EUA, 1947) ocupa um lugar proeminente na história da fotografia contemporânea. A exposição no Centro Cultural de Cascais, organizada a partir da Coleção Fundación MAPFRE, é a primeira grande retrospetiva da obra do fotógrafo norte-americano em Portugal e a maior alguma vez realizada a nível mundial. É também a primeira vez que a extraordinária série "As Irmãs Brown" é exposta na íntegra. A inauguração acontece a 16 de novembro. O fotógrafo e a esposa, Beverly (Bebe) Brown, estarão presentes.

Com mais de 200 fotografias tiradas entre 1974 e 2022, a exposição "NICHOLAS NIXON – Coleções Fundación MAPFRE", no Centro Cultural de Cascais a partir de 16 de novembro, será a maior retrospetiva da obra do premiado fotógrafo norte-americano até a data. Na exposição, comissariada por Carlos Gollonet, curador-chefe da Coleção Fundación MAPFRE, as fotografias são apresentadas cronologicamente, agrupadas em núcleos temáticos – das frias fotografias urbanas do início da sua carreira aos retratos das irmãs Brown, sem dúvida uma das mais contundentes e tocantes reflexões sobre a passagem do tempo na história da fotografia.

Mestre de uma técnica aperfeiçoada ao longo dos anos, Nicholas Nixon fotografa com o recurso a câmaras de grande formato, que impõem a proximidade e a cooperação dos retratados. De perto, o fotógrafo explora o potencial descritivo da câmara para compor imagens que mostram o visível para revelar o intangível: o amor, a paixão, a felicidade, o sofrimento, a intimidade, a passagem do tempo, a solidão. Sem estereótipos, as imagens de Nixon afloram a humanidade e as emoções contidas nas expressões dos retratados.

Nicholas Nixon é o autor da série fotográfica "As Irmãs Brown", uma das mais importantes obras da fotografia contemporânea. Todos os anos, de 1975 e 2022, Nixon fotografou as irmãs Heather, Mimi, Bebe e Laurie. Na retrospetiva no Centro Cultural de Cascais, todos os 48 retratos que compõem a série vão estar expostos. Como num álbum de família (Nixon e Bebe casaram-se em 1971), estas fotografias remetem-nos para momentos e emoções passadas. Ano após ano, vemos o correr do tempo nos rostos das irmãs, mudanças físicas, mas, se observarmos atentamente, também psicológicas. O curador Carlos Gollonet observa que o "que confunde e fascina nesta série, a meio caminho entre a objetividade documental e a intimidade emocional, é a mudança, o ritmo dentro da repetição. Cada fotografia ganha corpo e significado à medida que se junta às outras, e é na série que adquire toda a sua força".

A exposição começa com as fotografias que Nixon tirou nos arredores da cidade de Albuquerque, Novo México, Estados Unidos, na fronteira entre a cidade e o deserto, e avança para a sua primeira série importante, "Vistas de Boston e Nova Iorque", fotografada entre 1974 e 1975, que o projeta no mundo da fotografia. São imagens urbanas de impressionante nitidez, claridade e definição, possíveis pelo uso de uma câmara de 8x10 polegadas.
A partir de 1977, Nixon concentra-se, principalmente, no retrato, e as pessoas passam a ser o tema central da sua obra. Os seus interesses pessoais, intelectuais e estéticos começam a convergir para nos oferecer imagens que falam da vida a partir de uma abordagem muito íntima, e da sua própria experiência. A série "Alpendres" (1977-1982), fotografada nas margens do Rio Charles, perto de Boston, e em bairros pobres em cidades da Flórida e do Kentucky, traz sobretudo fotografias de pessoas tiradas nas varandas das suas casas, um espaço de transição entre o público e o privado.

Na série "Idosos" (1984), Nixon fotografa pessoas que conhece em lares e hospitais que visita como voluntário. Passa a existir uma relação nova entre o fotógrafo e os retratados, de mais proximidade, que se reflete na maneira em que aborda o tema do fim da vida e fotografa: tira close-ups, detalhes de mãos ou rostos exaustos que guardam uma vida inteira.

O próximo projeto que Nixon desenvolve é uma continuidade da série anterior, porque também reflete sobre a finitude da vida. Trata-se da série "Pessoas com SIDA" (1988-1991), mais tarde publicada num livro que também inclui a transcrição de conversas e cartas feitas por sua esposa Bebe Brown. O artista fotografou gradualmente quinze pessoas, retratando com sensibilidade o implacável progresso da doença, numa época em que uma ameaça desconhecida abriu um fosso entre os doentes e a sociedade, cheia de preconceitos, incompreensões e medos. O curador lembra que "Nixon não é um ativista, mas envolveu-se nesse projeto de maneira bem clara para fazer uma crônica honesta e real dessas vidas, para fazer-nos compreender o sofrimento dos doentes e dos seus entes próximos".

A exposição também traz as fotografias que Nixon tirou da própria família, a esposa Bebe e os filhos do casal Sam e Clementine. Nixon começou a fotografar Bebe logo que se conheceram na década de 1970. A partir de então, Bebe tornar-se-ia num tema permanente da sua fotografia, onde a intensidade do relacionamento dos dois ganha forma visual. Os retratos de Nixon transmitem paixão, que se torna ainda mais evidente com o passar dos anos. Paixão e intimidade também permeiam a série "Casais" (2000), com retratos de troncos, braços, bocas, formas quase abstratas que falam da intensidade tanto física quanto emocional que existe numa relação.
No início dos anos 2000, Nixon retoma o seu primeiro projeto e realiza novas fotografias de cidades. Mas na última década, volta ao retrato. Nestas fotografias, o supérfluo é eliminado para destacar a expressividade da pessoa retratada. Como resultado, mostram-nos recém-nascidos, crianças, doentes hospitalizados e idosos em imagens que nos levam a refletir sobre a fragilidade e misteriosa capacidade de resistência do ser humano.

A exposição poderá ser visitada até 16 de fevereiro de 2025.
Nicholas Nixon (Detroit, EUA, 1947) estudou Literatura Americana na Michigan University e Fotografia na University of New Mexico. Desde os anos de 1970 que trabalha como fotógrafo independente. Foi também professor de fotografia no Massachusetts College of Art and Design. As suas obras foram exibidas em algumas das instituições mais importantes do mundo, como o Art Institute of Chicago, o MoMA de Nova Iorque, o Musée d'Art Moderne de Paris, o CO/Berlin, a Fondation A Stichting de Bruxelas e a sede da Fundación MAPFRE em Madrid.

NICHOLAS NIXON – Coleções Fundación MAPFRE
16 de novembro de 2024 a 16 de fevereiro de 2025

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