A 10ª edição de Landart Cascais abre ao público no sábado, 21.05, em pleno parque natural da Quinta do Pisão. Este ano, a exposição bienal de arte na paisagem apresenta obras de Armanda Duarte, Mariana Gomes e a dupla Sara Bichão e Manon Harrois. A organização é da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais e a curadoria de Luísa Soares de Oliveira.
A cada artista foi solicitado um trabalho com tema livre, que se integrasse no cenário da Quinta do Pisão.
Coelho-bravo, geneta, lagartixa-do-mato, perdiz-vermelha, peneireiro, raposa, salamandra-de-pintas-vermelhas, garça-real, águia-de-asa-redonda, cobra-de-ferradura, burro-mirandês, ovelha-campaniça, cabra, cavalo – a estes residentes permanentes juntam-se agora, entre Maio e Julho de 2022, novos habitantes no magnífico espaço natural da Quinta Ecológica do Pisão. Habitantes? Trata-se, na realidade, de um conjunto de seres difíceis de classificar (e nesta dificuldade reside muito do seu interesse), obras das artistas Armanda Duarte, Mariana Gomes e da dupla Sara Bichão e Manon Harrois que, pela primeira vez, quiseram interagir e captar a atenção da fauna local para as peças concebidas para a 10ª edição da Landart Cascais.
"Poderemos encontrar um estranho ser com quatro pernas, que caminha pelo espaço da quinta numa acção demorada no tempo. Ou descobrir uma espécie de ovos brilhantes e garridos, talvez a incubar uma nova espécie ainda nunca vista. Ou ainda, uma obra que convoca a memória do corte da madeira, e que conta com o trabalho que insectos e outros seres vivos nela farão durante todo o tempo que dura a exposição. De surpresa em surpresa, é o público que também é aqui convidado a prestar atenção ao trabalho imperceptível e tantas vezes invisível desses residentes – e das obras que agora convivem com eles durante o tempo da exposição", refere a curadora Luísa Soares de Oliveira
No primeiro dia de Landart Cascais 2022 será apresentada a performance She has nothing to say, she has everything to say pela dupla Sara Bichão e Manon Harrois, com duração de 24 horas. É "uma escultura performativa que se desenvolveu após vários percursos a pé realizados pelas artistas na região vulcânica de Auvergne, em 2016. Consta de uma estrutura de madeira e de tecido de algodão, ao que se foram aglomerando elementos encontrados e alguns registos do domínio do desenho e da pintura. Na Quinta do Pisão, a obra irá fundir-se com a paisagem após uma série de ações iniciáticas com vista à sua absorção pelo habitat".
Armanda Duarte apresenta Silvo, Pasto do Olivão.
"Uma tábua, cortada e aplainada mecanicamente, ergue-se do solo. Colocada na vertical, é segura por uma estrutura de madeira, suficientemente pesada e resistente, que permanecerá enterrada, coberta de terra e, por isso, invisível. Com a floresta e a serra de Sintra a norte, a tábua é instalada em relação com o espaço natural e, de acordo com o vento dominante.
Mariana Gomes leva até à Quinta do Pisão uma obra Sem Título.
"Na Vida e Opiniões de Tristam Shandy de Laurence Sterne (1713-1768), transgride as convenções do romance aliando o trágico e o cómico, a uma inventividade gráfica e humorística desconcertantes. Nesta teia nonsense, o narrador-herói dotado de uma omnisciência, só nasce verdadeiramente no IV volume, sendo antes disso um proto-ovo. Sendo um começo antes do começo, a bizarria deste facto, leva-o a especular sobre a sua concepção. A peça constitui uma espécie entre este proto-ovo e uma grande pasta de tinta".
Para usufruto de todos os públicos e através do Serviço Cultural e Educativo, a Fundação D. Luís I e a Câmara Municipal de Cascais proporcionam atividades para escolas, grupos, famílias e público em geral, privilegiando percursos a céu aberto e o contacto com os artistas. As inscrições estão abertas.
A Landart Cascais 2022 decorre de 21 de maio a 17 de julho.
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QUINTA DO PISÃO | Situada no extremo ocidental do concelho de Cascais no Parque Natural de Sintra-Cascais, a Quinta do Pisão representa um legado histórico-cultural que se tem revelado estruturante para o território, quer pela sua escala e valores naturais que comporta, quer pelo seu património edificado e organização da paisagem. Caracteriza-se pelo seu mosaico de vegetação extremamente rico, correspondente a uma significativa diversidade de habitats representativos da ecologia desta zona. É um parque de natureza com 380 ha que foi requalificado pela Câmara Municipal de Cascais permitindo aos visitantes uma multiplicidade de experiências com a natureza e com hábitos ancestrais ligados à terra. Neste parque único há espaço para a história, a conservação da natureza, a atividade agrícola, a preservação da biodiversidade, a arte, a educação e o voluntariado ambiental.