A comunidade local compareceu em peso, neste 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, para assistir à concretização de uma aspiração de há muito tempo: a requalificação do poço e moinho de vento de armação (tipo americano) da Quinta da Carreira.
Lembramos que há mais de 20 anos esteve previsto para o espaço que é agora o Parque Urbano da Quinta da Carreira, uma grande urbanização e que só a resiliência da comunidade local foi determinante para embargar o alvará que o tribunal acabou por anular. Há cerca de seis anos, o Executivo Camarário, já liderado por Carlos Carreiras, decide comprar os terrenos em hasta pública, e assim, iniciar o grande projeto do Parque Urbano que prevê três fases na sua execução.A recuperação do poço e do moinho finalizou a segunda fase, sendo que a última fase está prevista iniciar-se em breve, com a construção da sede dos escuteiros, casas de banho públicas e uma cafetaria.
O poço agora recuperado é o edificado mais antigo de que há registo na Quinta da Carreira e o moinho acompanha a história e a evolução do local, "pelo que a sua recuperação é emblemática e vem enriquecer o património do Estoril", salientou Pedro Morais Soares, presidente da Junta de Freguesia de Cascais e Estoril.
Esta antiga quinta continua, assim, a afirmar-se com um dos marcos da localidade, assumindo-se cada vez mais como centralidade.
O POÇO E MOINHO DE VENTO DA QUINTA DA CARREIRA
Desde tempos remotos que o ser humano constatou a importância da água para a sua sobrevivência, desenvolvendo técnicas e métodos de controlo dos recursos hídricos para o consumo doméstico e a agricultura. O sistema hidráulico da Quinta da Carreira, que se encontra registado na cartografia de 1778, compunha-se originalmente de um poço de onde era elevada a água através de uma nora, movida por tração animal, que era extraída com potes de barro fixados à volta de uma roda: os alcatruzes.
Este engenho funcionou até à década de 1930, quando foi substituído por um moinho de armação, tipo americano, que seria instalado junto ao edifício circular que já então cobria o poço.
A denominação deriva do facto de se tratar de uma invenção oriunda dos Estados Unidos da América que veio a ser replicada em Cascais pela família Roquete, detentora de uma das principais empresas de construção de aeromotores a nível nacional. Adaptando estes moinhos às necessidades e características do concelho, introduziriam velas em chapa em forma de saco, de modo a aproveitar melhor a energia eólica, maximizando a produção de cereais e a captação de água de poços. Esta função passou depois a ser assegurada na Quinta da Carreira por uma bomba a gasóleo e posteriormente por uma bomba elétrica
No presente, a sua função voltou a efetivar-se através de um moinho, tipo americano, no seguimento da reabilitação do edifício do poço pela Câmara Municipal de Cascais, proposta e acompanhada pela Comissão de Moradores da Quinta da Carreira. A água extraída do poço é elevada para um pequeno tanque no exterior do edifício, com fachadas de alvenaria de pedra com argamassa de cal e saibro, pontuadas por pequenos vãos emoldurados com cantaria que iluminam e refrescam o interior, dotado de pavimento em pedra aparelhada idêntico ao da ribeira e dos caminhos.