A exposição "Margaret Watkins -- Black Light" vai reunir em Cascais, a partir de domingo, uma seleção de 136 fotografias e fotomontagens realizadas entre 1914 e 1939, que revelam os temas de eleição da fotógrafa canadiana. Considerada um dos grandes mestres da fotografia do século XX.
Pela primeira vez em Portugal, a mostra sobre a obra de Margaret Watkins (1884–1969) será apresentada no Centro Cultural de Cascais até 08 de janeiro de 2023, por iniciativa da Câmara Municipal de Cascais e da Fundação D. Luís I, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.
Documentos e objetos originais, uma câmara de época e um filme documentário sobre a fotógrafa natural de Hamilton, no Canadá, completam esta exposição de uma autora que se tornou uma figura destacada na história da fotografia do século XX.
Em 1969, perto do fim de sua vida, Margaret Watkins – que não falava sobre o seu passado como fotógrafa – entregou uma caixa lacrada contendo todas as suas fotografias e negativos a um vizinho, Joseph Mulholland, com instruções estritas para que a caixa só fosse aberta após a sua morte. A inevitável redescoberta da obra da fotógrafa canadiana que se seguiu posicioná-la-ia definitivamente entre os grandes mestres da fotografia do século XX.
Anne Morin, curadora da mostra, sublinha que o estilo modernista de Watkins "sugere a sua capacidade de antecipar as grandes revoluções estéticas e conceptuais que viriam depois". Na sua fotografia "é estabelecido um diálogo incessante entre arte e vida doméstica, fundindo tema e objeto na mesma coisa, conceito que utilizaria ao longo da carreira, tanto no trabalho pessoal, quanto nos trabalhos publicitários para agências como a Reimers, o grupo editorial Condé Nast e revistas como Ladies' Home Journal and Country, entre outras", aponta a curadora.
Apesar do reconhecimento tardio, o nome de Margaret Watkins é citado ao lado de figuras-chave como Clarence H. White, Gertrude Käsebier, Alice Boughton, Margaret Bourke-White, Alfred Stieglitz e Georgia O'Keeffe. Atualmente, as suas obras são consideradas fundamentais para a história da fotografia por especialistas e críticos de arte.
Enquanto exemplos clássicos da fotografia modernista, as suas imagens são uma valiosa contribuição para a evolução da linguagem fotográfica no início do século passado, ao encarar o ato de fotografar não como um simples substituto da pintura, mas como um verdadeiro instrumento de expressão artística.