O edifício dos Correios do Estoril, obra do arquiteto Adelino Nunes com projeto datado de 1939, foi inaugurado em 1942. A planta desenvolve-se em V, para melhor adaptação à forma do lote, com um jogo de materiais, superfícies e volumes que fazem deste imóvel uma das peças mais interessantes do modernismo do Estoril. Com dois pisos, as fachadas assimétricas, conformadas ao declive do terreno, salientam o volume cilíndrico da fachada principal, que é estruturante da volumetria exterior e articula interiormente a distribuição dos espaços. Abandonando a simetria, assumindo de forma clara o valor plástico das volumetrias e rejeitando, quase totalmente, o recurso a elementos decorativos como forma de animar as superfícies, o arquiteto demonstrou grande domínio dos valores modernistas, aproximando-se dos exemplos da arquitetura neoplasticista holandesa.

No interior, uma escada em espiral conduz-nos ao longo de uma parede curva até ao 1º piso, onde se pode desfrutar da vista de mar através de uma janela rasgada, num corte horizontal de 180 graus. Aí funciona o Espaço Memória dos Exílios, inaugurado em 1999, de forma a evocar um período histórico que teve como epicentro a II Guerra Mundial e a realidade então vivida no concelho de Cascais, cujo território se viu subitamente transformado em antecâmara de refúgio, espera e passagem para milhares de refugiados e viajantes de todo o tipo no quadro da neutralidade portuguesa no conflito.