A Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes, que decorre durante as Festas do Mar, em Cascais, foi inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, anunciou esta terça-feira, 11 de julho, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

O pedido de classificação partiu da Câmara Municipal de Cascais e resulta de um processo de investigação conduzido em estreita colaboração com a comunidade piscatória cascalense e os principais elementos envolvidos na sua realização.

É o reconhecimento público da manifestação de cariz religioso e popular, realizada em duas vias, a terrestre e a marítima e que remonta ao ano de 1942. Esta procissão representa a comunidade piscatória cascalense num ato de devoção e invocação partilhada por todos os mareantes. Reconhecendo a importância desta manifestação de fé para a comunidade piscatória local, a Câmara Municipal de Cascais procedeu a um longo trabalho de compilação de informação e de registos sobre a Procissão.

A manifestação religiosa, de cariz católico, não tem uma data fixa, mas decorre habitualmente num domingo de agosto, tendo sempre em consideração as marés, já que se realiza por duas vias, a terrestre e a marítima, partindo os andores com as imagens de devoção, da Igreja de Nossa Senhora da Assunção até ao cais de embarque da Praia da Ribeira, onde são colocadas nas embarcações de pesca, seguindo até à zona da Guia.

É no mar que se concretiza um dos ritos mais simbólicos e marcantes, com a oração de homenagem aos falecidos e invocação de preces profissionais e familiares, fazendo soar as buzinas dos barcos e lançamento de flores ao mar. A procissão regressa em seguida ao cais, onde se rezam as últimas orações, e volta ao adro da igreja para "os agradecimentos e bênção final".

Tradicionalmente, esta manifestação religiosa faz parte do programa das Festas do Mar, sendo considerada um dos seus pontos altos. Nossa Senhora dos Navegantes é "a protetora dos pescadores locais", refere a DGPC, acrescentando que "com alguns interregnos na realização", desde 1992, a procissão se efetua "de forma contínua, procurando preservar a essência e o propósito que esteve na sua origem".

O Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (PCI), da competência da Direção-Geral do Património Cultural, constitui-se como medida fundamental para a salvaguarda do PCI em Portugal, e a sua utilização para fins de inscrição de manifestações imateriais representa condição indispensável para sua eventual candidatura à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.