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Vivian Maier : Street Photographer

05 Abr 2021
A exposição foi prolongada até 26 de maio de 2021

Descrita pelo fotógrafo Joel Meyerowitz como dona de "uma sensibilidade especial para captar o momento, para detetar o rasgo de um gesto, para a micro expressão de um rosto", a enigmática fotógrafa norte-americana Vivian Maier (1926-2009) terá a sua excecional obra apresentada até 26 de maio de 2021 no Centro Cultural de Cascais, numa mostra inédita em Portugal. A organização é da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.

Com curadoria de Anne Morin, a mostra reúne 135 trabalhos – entre fotografias e vídeos em Super 8 – de Maier, a ama que impressionou o mundo com a sua fotografia e que, através da sua profunda vontade de documentar, registar e interpretar o mundo ao seu redor, captou inúmeras peculiaridades da América urbana na segunda metade do século XX.

Vivian Maier é uma artista velada pelo mistério. Através dos seus retratos de desconhecidos nas ruas dos EUA nas décadas de 1950 e 1980, a maior parte em preto e branco, subsiste a expetativa de desvendar mais sobre a história e a personalidade da própria fotógrafa.

Durante mais de quarenta anos, Maier trabalhou como ama em Chicago. Nos tempos livres, percorreu as ruas daquela cidade e de Nova Iorque fotografando cenas da vida quotidiana com empatia, espontaneidade e sensibilidade, observando pessoas de todas as idades e classes sociais e captando os seus retratos em arrojados enquadramentos.

O resultado dessas excursões fotográficas é uma obra impressionante que compreende mais de 100 mil imagens, descobertas em 2007 quando o historiador John Maloof, mais tarde também ele fotógrafo e realizador de cinema, comprou em leilão o conteúdo abandonado de dois contentores de armazém e se viu na posse de milhares de negativos, diapositivos e fotografias impressas, além de uma série de vídeos caseiros e gravações de áudio.

Desde então, o trabalho de Maier, aclamado pela crítica especializada, já foi exibido em galerias e museus, publicado em revistas e jornais de todo o mundo, tendo ainda sido tema do documentário Finding Vivian Maier, nomeado para um Óscar, em 2014.
Realizados entre 1953 e 1984, os trabalhos exibidos em Vivian Maier: Street Photographer, na sua maioria a preto e branco, incluem uma série dos peculiares autorretratos da artista realizados com um cunho muito pessoal, quase como se estivessem assinados. São também apresentadas fotografias a cores que Maier produziu nos últimos 30 anos da sua vida, nas quais se evidencia o seu olhar atento para a harmonia das cores na composição das imagens.

O que torna Vivian Maier única é que as suas fotografias não foram feitas por encomenda, nem com o intuito de serem expostas ou publicadas em busca de reconhecimento artístico ou retorno financeiro. A esmagadora maioria dos seus negativos não foi impressa enquanto foi viva. As suas fotografias são testemunhos silenciosos das suas experiências e da sua visão sobre a complexidade da experiência humana.

Para além da curiosa história da excêntrica, intelectual e reservada "ama Vivian", esta exposição inédita em Portugal demonstra a notável qualidade da obra de Vivian Maier, a fotógrafa, e o seu inestimável contributo para o renascimento do interesse pela fotografia de rua.
Nota Biográfica:

Filha de pai austríaco e mãe francesa, Vivian Maier nasceu em Nova Iorque em 1926. Foi em França que viveu a maior parte da sua juventude, regressando aos Estados Unidos em 1951, quando começou a trabalhar como ama e cuidadora, função que desempenharia durante o resto da vida. Entretanto, nos tempos livres, aventurava-se na arte da fotografia, produzindo de forma consistente ao longo de cinco décadas. Sem família própria, as crianças de quem cuidou acabaram por cuidar dela no final da vida. Vivian Maier morreu em Chicago, em 2009, aos 83 anos.

 

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