O atual Museu da Música Portuguesa é uma casa de tendência romântica tardia, mandada construir por Jorge O'Neill, em 1918, com projeto de Raul Lino. Marcada pelo claustro e pela torre neomedieval de S. Patrício, carateriza-se pela excelente dinâmica entre o interior e exterior, por meio de jogos de luz e de sombra e da utilização das varandas e dos alpendres, revivalismo árabe caraterístico da obra deste arquiteto. Apesar de intimista, orienta-se para um belíssimo jardim e mata, organizando-se internamente segundo uma filosofia de espaços nobres e zonas de serviços independentes, cuja riqueza arquitetónica e decorativa é atestada por azulejos setecentistas, estuques pintados e um significativo trabalho de cantarias.

A propriedade viria a ser doada à Câmara Municipal de Cascais, em 1974, por Enrique Mantero Belard, no intuito de aí ser criado um jardim público e museu com a designação de Casa Verdades de Faria, em homenagem à sua mulher. A vontade do benemérito concretizou-se em 1987, com a criação do Museu da Música Portuguesa, onde se decidiu instalar a coleção de instrumentos musicais populares portugueses adquirida em 1981 a Michel Giacometti, a que seguiu, em 1995, o espólio do compositor Fernando Lopes-Graça e, mais recentemente, o do maestro Álvaro Cassuto. Este equipamento cultural afirma-se, assim, como referência ao nível da preservação, conservação, estudo e divulgação do património musical português, nomeadamente na sua expressão tradicional e erudita.