Largo Assunção 38
Cascais
Monumento de Interesse Público - Portaria n.º 469/2017, de 13 de novembro
Embora se desconheça a data concreta e o contexto da sua fundação, é o mais emblemático templo da vila e aquele que mais se relaciona com o seu passado medieval, como o atestam as estelas discoides resgatadas do seu adro.
Da presumível riqueza que a igreja ostentou no século XVI nos dá conta um notável conjunto de pintura antiga, de c. 1520-25, atribuível ao Mestre da Lourinhã, composto por quatro pinturas "primitivas" em madeira de carvalho, decerto do antigo retábulo-mor, que representam a Natividade, a Adoração dos Magos, a Virgem da Anunciação e o Anjo S. Gabriel. Destaca-se, ainda, o importante núcleo de pintura seiscentista, concebido por Josefa d'Óbidos entre 1672 e 1673 para o Convento da Piedade, que transitou para a Igreja Matriz após a sua extinção ou a Última Ceia, pintada por Pedro Alexandrino de Carvalho para a Capela do Santíssimo Sacramento, irmandade que custeou a edificação do templo após o terramoto de 1755.
Precioso é igualmente o revestimento azulejar integral das paredes da sacristia sul, obra datada de 1720 e estilisticamente atribuída ao Mestre P. M. P. Os seus painéis, tematicamente únicos e de grande erudição, representam temas do Antigo Testamento, retirados do Êxodo, do Livro dos Reis e do Livro de Josué, como a Travessia do Mar Vermelho e as cenas da Arca da Aliança. Estas composições, plenas de vigor, devem provir de uma das principais oficinas de produção de azulejo da Lisboa do reinado de D. João V, atestando a religiosidade e relativo desafogo financeiro da comunidade piscatória local, que deixou testemunho do seu patrocínio numa cartela sobre a porta de entrada na sacristia.
No teto da nave destaca-se, no medalhão central, a pintura Assunção de Nossa Senhora, da autoria de José Malhoa, datada de 1900. Também Pereira Cão aqui deixou testemunho da sua obra, num conjunto de azulejos produzidos em 1908