Page 8 - Crónica de el-rei D. Afonso Henriques
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Museu Condes de Castro Guimarães
Todas as crónicas são escritas em letra
gótica caligráfica solene. A família das
letras góticas é trazida para Portugal
durante o reinado de D. Afonso III,
prolongando-se a sua utilização até
meados do século XVII. Borges Nunes
chega mesmo a falar de uma escrita
manuelina interligando-a, de resto,
ao termo cunhado na história de arte,
caracterizando-a pela diminuição
da extensão e agudeza das hastes,
alívio da compressão horizontal da
escrita e acentuação da inclinação
e arredondamento do traçado das
letras e sinais (Nunes, 1969, p. 13).
Esta designação não teve, contudo,
acolhimento na escola de Coimbra e
do Porto, como se pode ver em José
Marques, que refere, aliás, a própria
influência da recém-chegada imprensa
na feitura dos Livros da Leitura Nova
(Marques, 2002, p. 81).
Quanto às iluminuras presentes
nas capitulares e tarjas e margens
decoradas, é visível a sua filiação
estética flamenga, sendo profusa e
ricamente utilizadas na Crónica de
D. Afonso Henriques, que apresenta
um total de 62 capitulares, sempre
acompanhadas por tarjas, que podem
ter as seguintes configurações:
a) acompanhando a coluna toda,
sendo desenhadas numa caixa
com fundo pintado e recheada
de elementos florais, animais,
seres fantásticos, ou mesmo com
a figuração de joias);
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